O governo federal divulgou ontem o piso salarial dos professores do ensino básico, que estará em vigor a partir de fevereiro. Ele foi fixado em R$ 1.567,00, o equivalente a aproximadamente 750 dólares. Se a conta fosse bancada pela União, poderíamos dizer que a despesa seria irrisória. Mas ela será paga pelas prefeituras, cuja maioria terá dificuldades para honrar o novo valor. É que cerca de 2/3 da receita de impostos ficam nos cofres da União, cabendo o terço restante aos estados e municípios.
Porém, o que aqui se deseja questionar não é a necessidade de um novo pacto federativo que compartilhe mais democraticamente com estados e municípios o bolo tributário nacional. E sim os péssimos salários que são pagos aos professores de um modo geral, dos que têm Phd e ensinam em universidades públicas aos que têm apenas licenciatura em Pedagogia e lecionam na zona rural dos nossos municípios. O que esperar de um professor que irá receber bruto 1.567 reais por mês?
Com esse salário, ele mal sustentará a sua família, nada sobrando para comprar livros, jornais, CDs, DVDs, que lhe dê condições de adquirir novos conhecimentos para transmitir aos seus alunos. Assiste razão, pois, ao senador Cristovam Buarque, este patriota nascido no Recife que faz da bandeira da educação a razão de ser do seu mandato. Enquanto o Brasil pagar salário de miséria aos seus professores, diz ele, especialmente da escola primária, jamais conseguirá sair do chamado “3º mundo”.
